A tese de Manoel Motta trata da criminalidade à luz da psicanálise lacaniana com os conceitos da teoria freudiana, com o ensino de Lacan e com as elucidações da Orientação Lacaniana de Jacques-Alain Miller. Os três Registros lacanianos, Real, Simbólico e Imaginário, lhe servem de baliza. Analisa com profundidade casos de crimes que se tornaram famosos pela sua repercussão na sociedade da época e pelos estudos que suscitaram no campo da psicanálise.

Delimita, nesse estudo, um campo de investigação próprio, “o estudo da passagem ao ato em sujeitos criminosos”. Os apresenta sobre um novo ângulo: a passagem ao ato como resultado de uma lógica própria. Lógica que supõe três momentos vividos por esses sujeitos criminosos: pensar, ver e concluir em relação ao objeto. Trata-se do objeto real da psicanálise, o objeto a, do ponto de vista de sua de extração do campo da realidade, o que significa um corte da realidade. Da orientação lacaniana, a tese se vale em especial do conceito lacaniano do gozo, do gozo Outro na psicose, da presença do empuxe à mulher, com as consequências clínicas. E, ainda, da noção chave e mais original no ensino de Lacan, a “extração do objeto a do campo da realidade”. O estudo de todos os casos contribui para uma atualização, uma nova compreensão do que se denomina como uma ‘teoria psicanalítica das Psicoses’.

Mirta Zbrun