Categoria: Práticas da letra

Conversação clínica: O que o caso da jovem homossexual ainda nos ensina?

Nossa discussão contou com a apresentação de Elisa Werlang, a quem agradecemos a rica contribuição. Não podemos deixar de citar Cida Malveira, pelo trabalho intenso com as transcrições, que ajudou muito no recolhimento das questões abaixo. O que se segue serão os pontos em torno dos quais nosso trabalho com o caso se deu, o que mobilizou os participantes. Não cabe nomeá-los todos aqui, mas agradecemos suas considerações fundamentais na produção desse texto.

Contexto

O caso da jovem homossexual aparece num momento importante para Freud. Trata-se de um caso em que Freud mobiliza a interpretação dos sonhos e a teoria da sexualidade, e o caso mostra a questão da pulsão de morte. A hipótese levantada é que aparece aí algo novo que não tem solução no amor do pai. Que Freud era esse que escreveu sobre esse caso? Ao lê-lo, nos perguntamos: em termos lacanianos, o que estava em jogo para além do pai e do dom no momento da publicação desse caso?

Identificação ao pai?

É marcante no caso o episódio em que o pai dá à mãe um filho, acontecimento que vai delimitar uma virada na posição subjetiva na jovem homossexual. Ela deixa de brincar de ser mãe de bonecas para se identificar à posição viril do pai. O que vai se concretizar quando, mais tarde, vai passar a seguir de maneira devota uma dama, a quem vai lhe dedicar um amor de “fã”, o amor cortês.

Nesse ponto, surgiu uma pergunta sobre a identificação: é possível dizer que a jovem homossexual de fato se identifica a um homem? Fazendo um contraponto ao caso Dora, parece que Dora se identifica ao Sr. K e ao pai, ao amor e ao desejo por uma mulher. Ela passa pelo homem para acessar algo do feminino. Já no caso da jovem homossexual, isso não é claro.

Os esquemas que Lacan apresenta para dar conta do caso no Seminário 4 não nos permitem ficar na leitura freudiana, a da identificação ao pai, identificação à mãe. A questão do feminino vai aparecer como sendo aquilo que justamente pode forçar para entrar neste jogo, o que não funciona.

Na leitura do caso, de um lado aparece uma questão: o lugar do pai da homossexual seria justamente o lugar de um homem potente, ele era importante na economia do Império Austro-húngaro, um homem muito rico. Lacan coloca: “o que um homem que tudo tem pode amar e desejar?”. Ou seja, como o pai vai fazer para entrar na dialética do dom, signo do amor, que é dar o que não se tem, dar a falta? Ele, que não se apresenta como aquele que dá uma falta, e sim quem dá algo concreto e de valor fálico, um bebê para a mãe. Vemos que a resposta da homossexual está ligada a isso: o lugar que ela vai ocupar como objeto é um certo lugar em resposta a não transmissão do pai daquilo que ele não tem, mas que ela supõe poder ostentá-lo com a construção do amor cortês, o que Lacan dirá ser como mostrar ao pai que é possível amar uma mulher na sua falta. Mas, no caso da sua passagem ao ato, quando ela “cai” na linha do trem, ela ficaria nesse lugar de objeto para barrar a prepotência do pai, assim como para descompletá-lo? A solução poderia ser um para além do pai, uma saída para o feminino?

Para encontrar a dama, a jovem homossexual dissimula, dá várias desculpas, mente para a família, mas ela não mente, não dissimula, diz às claras, faz questão de ostentar quando está com a dama na rua. Ela se oferece a um certo olhar, ao olhar do pai. O pai sabia que ela se dirigia a ele, como vingança, a mãe condescendia porque tirou alguém da competitividade, de certa maneira, estava mais tranquila com a escolha homossexual, competia com a filha para ter a atenção dos homens. Trata-se de uma mãe diferente da do caso Dora, pois a mãe de Dora não se colocava como objeto do desejo de um homem, e Dora não a usa na saída subjetiva.

Transferência

Passamos à transferência para pensar como aparece o amor de transferência com Freud e como ele reage a isso. Freud se engana por não querer se enganar, por não querer bancar o tolo[1]. Essa afirmação está referida ao lugar na transferência em que Freud passa a ser colocado pela jovem homossexual, o que aparece quando ela lhe endereça sonhos cujo conteúdo versa sobre o anseio por um amor de um homem e filhos, ali onde os sonhos prenunciavam a “cura pela inversão” da homossexualidade por meio do tratamento de uma maneira enganadora.

Essa atitude de Freud é criticada por Lacan da seguinte maneira:

Afirmando que lhe é prometido o pior, o que ele [Freud] quer evitar é sentir-se ele mesmo desiludido. Isso quer dizer que está prestes a iludir-se. Pondo-se em guarda contra as ilusões, ele já entrou no jogo. Ele realiza o jogo imaginário. Fá-lo tornar-se real, já que está dentro dele. […] Na medida em que está, e que interpreta precocemente demais, ele faz voltar ao real o desejo da moça, quando era simplesmente um desejo, e não uma intenção [consciente], de enganá-lo.[2]

Freud se engana ao não querer se enganar, pois não se deixa usar como objeto na transferência, não aceita o lugar de enganado que é oferecido a ele pela jovem homossexual, e quando interpreta a transferência, acaba agindo a partir desse incômodo, sem se deixar usar para servir-se disso. Mas, poderíamos pensar aqui também: o que está em jogo no engano que a jovem homossexual procura promover com relação ao pai?

Outro ponto ressaltado foi: o que fez impasse a esse caso? Lacan falar como se tivesse sido um erro de Freud, se podemos dizer assim; Freud identificado com o pai enganado. A leitura que ele faz da mulher é que ela ilude. Então, ele vai se iludir para se desiludir, é algo que no caso Dora já tinha aparecido, no que Freud interpreta como fantasia de vingança de Dora, uma fantasia sádica.

No caso da jovem homossexual, Freud fala de um desejo de vingança do pai, porque havia uma interdição que ela havia feito ao viril. Ele situa uma fantasia masoquista. Isso pode ter a ver com o momento do Seminário 4, em que Lacan tenta esvaziar a imaginarização a que uma análise pode levar. Mas há outra coisa em jogo: se trata do encontro de Freud com a tentativa de suicídio, a possibilidade da jovem homossexual se jogar, dela realmente se colocar no lugar de sacrifício.

Amor platônico e dom

Com relação ao amor platônico que a jovem homossexual dirige à dama, é importante ressaltar que o que Lacan pontua é que esse amor visa a não satisfação sexual e que, por ser da ordem de um “amor ideal”, “institui a falta [não há relação sexual, por exemplo] na relação com o objeto [amado]”[3]. Lacan afirma que o que a jovem homossexual procura mostrar ao pai com relação à falta é que seria possível amar “verdadeiramente” alguém, a dama, em sua falta.

O que coloca a seguinte questão:

O reflexo da decepção fundamental nesse nível, sua passagem ao plano do amor cortês, a saída encontrada pelo sujeito nesse registro amoroso, colocam a questão o que é, na mulher amado para além dela mesma, e isso põe em causa o que é verdadeiramente fundamental em tudo o que se relaciona com o amor na sua realização[4].

 

E aqui o dom:

Essa necessidade de situar o eixo do amor, não no objeto, mas naquilo que ele não tem [naquilo que o objeto resguarda de falta], nos põe, justamente, no coração da relação amorosa e do dom. É este algo que o objeto não tem e que torna necessária a constelação terceira da história deste sujeito.[5]

Fazendo uma articulação ao caso Dora: ela coloca a Sra. K nesse lugar para onde o “x” do desejo do pai incide, aquilo que ele ama para além dela mesma. O enigma do desejo do pai, que escapa, se dirige para a Sra. K, e ela passa a encarnar para a Dora alguém suposto saber sobre o ser de mulher. Para isso, é preciso existir uma montagem, para que esse circuito se estabeleça dessa forma: é preciso haver uma identificação de Dora com o pai pelo que dele aparece como a carência da sua função paterna, a sua falta traduzida nos sintomas somáticos de Dora e por meio de quem ela “ama por procuração”: a Sra. K. Esse aspecto da lógica do dom no Édipo em Freud é um clássico na psicanálise: a figura do pai como aquele que transmite a lógica fálica a partir da sua transmissão de uma falta. Ao final, é a figura paterna destituída que a Dora obtém como saldo: o Sr. K saiu destituído, como aquele que não tem nada com sua mulher e não tem dinheiro, e o próprio Freud, a quem Dora se despede com um sorriso enigmático de Gioconda.

Nossa questão, portanto, abrange na lógica do dom o papel do feminino nesse comércio de trocas. Ali, onde Dora se situava em uma troca silenciosa de presentes preciosos entre seu pai, sua amante e o Sr. K, o que também está presente na sua denúncia quando do desencadeamento de sua neurose, quando ela se diz reduzida a mero objeto “de uma troca odiosa”. Pois, a mulher não é um objeto de troca qualquer nesse circuito em que tudo pode ser arranjado. De que maneira o feminino aí se engaja? Há um impasse e um embaraço próprios ao feminino presentes nessa questão do dom.

[1] “Advertido por uma ou outra ligeira impressão, disse-lhe certo dia que não acreditava naqueles sonhos, que os encarava como falsos ou hipócritas e que ela pretendia enganar-me, tal como habitualmente enganava o pai”. Freud, S. (1920) “A psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher”. In: ESB. RJ: Imago, 1996, p. 204.

[2] Lacan, J. (1956-57) O Seminário, livro 4: a relação de objeto. RJ: Zahar, 1995, p. 109.

[3] Lacan, op. cit., p. 109.

[4] Op. cit., p. 111.

[5] Op. cit., p. 131.

PRÁTICAS DA LETRA

Coordenação: Tatiane Grova Prado

Coordenação adjunta: Bruna Guaraná

Periodicidade e horário: sextas-feiras, quinzenalmente, às 10h30

Início: 06 de agosto

 

Tratamentos do gozo pela escrita

 

Neste ano, nossa pesquisa começou o primeiro semestre com a escrita dos contos de Clarice Lispector, para o que dali se apresentava em ruptura com toda a cena da organização fálica prévia da narrativa. Ruptura pela via de um amor não-todo que inunda a cena e “é um amor muito maior que estou exigindo de mim – é uma vida tão maior que não tem sequer beleza” (Lispector, 1998).

Se, por um lado, o amor pode ser dar o que não se tem, também pode ser, com Clarice, uma imersão em uma imensidão sem limites, sem bordas demarcadas de saída. Não seria essa a experiência do gozo não-todo abordado por Lacan nas fórmulas da sexuação no Seminário 20?

A circunscrição dessa experiência pela escrita da Clarice nos levou a buscar articulá-la na histeria, tanto no caso Dora, quanto no caso da Jovem Homossexual. E a pensar, através da leitura do livro de Márcia Rosa, Por onde andarão as histéricas de outrora?, qual a relação na experiência do inconsciente desses dois casos e entre as novas histéricas e o nosso atual tempo. Ou seja, quais as consequências para a experiência do inconsciente na análise da mudança do estatuto do Outro, com a queda do falocentrismo?

Esperamos buscar responder a essa e outras questões que foram surgindo ao longo da investigação por meio do que pudemos apreender pela escrita de escritores, tal como foi Helene Cixous em O retrato de Dora – e outros, não necessariamente mulheres – que possam servir de orientação à articulação da escrita com o gozo não-todo.

 

Referências bibliográficas: 

 

CIXOUS, H. (1976) Retrato de Dora. [Edição em Espanhol] Trad. Agustina Saubidet. Editora Las Furias, 2020.

FREUD, S. (1905) “Fragmento da análise de um caso de histeria”. ESB. Vol. VII. Rio de Janeiro: Imago, 1989.

FREUD, S.  (1920) “A psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher”. ESB. Vol. XVIII. Rio de Janeiro: Imago, 1989.

LACAN, J. (1972-73) Seminário 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

LACAN, J. (1975-76) Seminário 23: o sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.

LISPECTOR, C. A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

LACAN, J. Crônicas para jovens: de escrita e vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.

LACAN, J. Todos os contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.

ROSA, M. Por onde andarão as histéricas de outrora? Um estudo lacaniano sobre as histerias. Belo Horizonte: edição da autora, 2019.

 

 

 

“Primeiro Simpósio Internacional sobre Migrações, Refúgios e Laços Culturais”

O “Primeiro Simpósio Internacional sobre Migrações, Refúgios e Laços Culturais” reuniu uma diversidade de práticas e de experiências concernentes ao complexo e urgente tema das migrações no Brasil e no mundo. Este evento acolheu pessoas em situação de migração e refúgio, psicanalistas, pesquisadores, artistas, designers, operadores do direito, sociedade civil e objetivou, sobretudo, ampliar a conversa sobre os desafios, as potencialidades e os impasses apresentados pelas experiências singulares dos imigrantes que escolheram o Brasil como país de destino para viver.

Na abertura deste evento, a partir da orientação da psicanálise freudiana e lacaniana, uma primeira indicação apontou como solo ético e político da prática psicanalítica o caráter singular da experiência de cada sujeito que vivencia um contexto migratório, seja ele voluntário ou forçado. Pois, embora haja uma estrangereidade universal atestada pela existência do inconsciente, tal como inscreveu a psicanálise na cena do mundo moderno, o que se evidencia é que isso não exclui o fato de que os processos migratórios e a experiência daquele que vivencia um deslocamento de sua terra deva ser tomada ao pé da letra, ou seja, na singularidade que lhe é peculiar.

Foram apresentadas particularidades das migrações interestaduais brasileiras, especificamente, a nordestina. A vivência do sertão nordestino e a experiência da literatura e do cinema brasileiros no tocante aos processos migratórios do nordeste ao sudeste ensinam como estes são marcados pela luta e pelo imprevisível, mas também pela arte e pela construção artesanal de uma nova vida.

 A arte foi também o campo privilegiado para a reflexão sobre a problemática dos refugiados políticos e dos escritores exilados no Brasil e no mundo. A apresentação da CABRA – Casa Brasileira de Refúgio – trouxe uma importante reflexão sobre a cooperação entre os países na construção de lugares de refúgio para aqueles que se encontram em risco de vida devido a ameaça que a sua literatura e a sua posição política implicam em seu país de destino governados por políticas ditatoriais. Nessa perspectiva política e ética contrária aos totalitarismos e prática segregatórias, foi abordada a função da Universidade brasileira em face ao contexto global de migrações e refúgios. A ideia de uma “universidade refúgio” deu o tom da política impressa neste simpósio.

Trabalhou-se também o lugar do exílio como casa para o artista. A partir da obra da cubana Ana Medienta, que ao imprimir seu corpo em suas obras inscrevia a partir de seu exílio uma invenção singular, sublinhou-se a potência que pode ser o exílio como criação.

 No campo das invenções, foi aberto também o espaço para o testemunho das experiências das pessoas em situação de migração voluntária e forçada oriundas da República Democrática do Congo, Haiti e Moçambique. Em seus testemunhos, eles trouxeram contribuições sobre temas variados: a construção de um lugar de refúgio em uma outra língua, o racismo à brasileira, o caráter traumático da experiência do deslocamento forçado e as amarrações e enlaces possíveis possibilitados no encontro com o novo, com a contingência, com outra língua, com o estrangeiro que se é a si mesmo.

A experiência trazida pelos participantes foi um campo fértil para reflexão sobre a diferença entre perder as raízes e ser deslocado de seu país. A partir das experiências apresentadas, enfatizou-se a função das origens no processo de construção artesanal da vida. Construção que se dá em um movimento contínuo que inclui tanto as raízes de cada um como o passo-a-passo que faz do movimento mesmo um alicerce para a vida. Essa construção foi apresentada na exposição “livros de artistas”. Foram acolhidas também diversas experiências e práticas realizadas com imigrantes em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, em São Paulo. Assim como, acolheu-se experiências de imigrantes oriundos da África, da América Central, da Alemanha e da França. Trabalhou-se também com a prática de oficinas nos mais variados campos que foram convidados a dialogar, entre eles, a psicanálise, a literatura, o cinema, o designer, o serviço social.

Por fim, este simpósio, realizado pelo Programa de Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pela Fundação de Amparo à pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, foi composto por diversas parcerias, entre elas, com o Instituto de Clínica Psicanalítica do Rio de Janeiro- ICP-RJ/ Núcleo de Investigação em Psicanálise e Literatura/Práticas da Letra. Deixamos registrados aqui os nomes daqueles que estiveram presentes neste evento: Aline Bemfica, Lia Krucken, Mélanie Montinard, Maria Cristina Poli, Marcus André Vieira, Ana Lúcia Lutterbach, Lúcia Castello Branco, Sylvie Debs, Flávia Trocoli, Yves Abdala, Bob Selassie, Dulcídio Cossa, Miriam Debieux, Aryadne Bittencourt, Fabrício Souza, Gabriela Azevedo de Aguiar, Otávio Ávila, Jo Serfaty, Pedro Beiler, Catallina Revollo, Ângela Magalhães, Renata Costa-Moura.

Aline Bemfica

Psicanalista/Idealizadora do “Primeiro Simpósio Internacional sobre Migrações, Refúgios e Laços Culturais”, participante do Núcleo de Pesquisa Práticas da letra.

Sobre a Roda de conversa do Núcleo de Pesquisa Práticas da Letra

Renata Estrella 

Encerramos nossas atividades deste semestre – momento em que seguimos trabalhando as lições sobre a peça Hamlet do Seminário 6 – com uma instigante roda de conversa com Marcus André Vieira e Ram Mandil, contamos também com a participação de Andréia Reis. Nossos convidados puderam trazer algo do encontro de membros ocorrido em Inhotim (abril de 2017) a partir de algumas das nossas inquietações. A conversa partiu de uma questão sobre o desejo, lido por Lacan em Hamlet de forma nova e que abre para uma discussão sobre as relações entre fantasia e sinthoma.

Para Ram, Lacan se pergunta no Seminário 6 como o sujeito vive a pulsão tendo atravessado a fantasia, daí uma aproximação possível entre a narrativa de Shakespeare e a escrita de Joyce, lidas na perspectiva do final da análise. Em Joyce, não aparece na análise de Lacan a questão da fantasia, sendo o sinthoma uma forma de nomeação que não visa o sentido. Somos capturados pela obra de Joyce, há uma transmissão que não é pela identificação, daí a proposta de Marcus André de pensarmos o ato. O ato faria um escoamento de gozo que pode suscitar, ou não, uma nomeação. Pensando, então, o ato em Hamlet, o que parece é que ele só pode se deparar com o desejo a partir da circunscrição simbólica de uma perda real do objeto de onde surge um caroço de real na cena da fantasia que o empurra a agir.  Seguimos, assim, ao próximo semestre com algumas questões, entre elas, o estatuto do objeto na fantasia e no sinthoma e a relação entre desejo e ato, acompanhando o que Lacan traz no Seminário 6 como o grande segredo da psicanálise, “não há Outro do Outro”. Seguiremos trabalhando os escritos de Lacan com o auxílio dos poetas.

PRÁTICAS DA LETRA

Coordenação: Ana Lucia Lutterbach e Ana Tereza Groisman

Periodicidade e horário: sexta-feira, quinzenalmente, às 10h30

Início: 10 de março

 

Neste semestre continuaremos a leitura dos capítulos do Seminário 6 de Lacan sobre Hamlet. Reiniciaremos dando continuidade à leitura do capítulo XV do Seminário 6: “O Desejo da mãe”.

Neste semestre faremos uma jornadinha interna para concluir a leitura de Hamlet.

 

Lacan com Freud soletrando Hamlet: a tragédia do desejo[1]

Bruna Guaraná

Este presente texto é fruto das discussões empreendidas no Núcleo de Pesquisa Práticas da Letra do Instituto de Clínica Psicanalítica do Rio de Janeiro (ICP). As últimas discussões foram baseadas nas sete lições dedicadas à Hamlet por Lacan. O Práticas da Letra busca valorizar o modo de leitura que inclui, nesse movimento, a escrita. Daí se faz, quando se lê, uma prática da letra, por isso o convite de Lacan para que soletremos Hamlet está de acordo com essa perspectiva. Vamos no caminho de Lacan com Freud que inclui esse modo de leitura.

Lacan, em seu Seminário 6, na primeira lição dedicada à Hamlet, se deixa guiar por Freud e valoriza seu primeiro esboço de percepção sobre Hamlet. Segundo Lacan, os demais comentadores figuram como mera “digressões” ou “floreios”[2]. Salvo Jones quem ele atribui maior importância. O ponto destacado dessa primeira percepção freudiana repousa sobre o que é considerado ser o grande dilema ou “problema” do herói da trama: cumprir a vingança do qual está encarregado pelo fantasma do próprio pai para vingar sua morte. Segundo outros autores, como Goethe e Coleridge, a hesitação de seu ato, que paralisa sua ação, está ligada a um desenvolvimento excessivo da ordem do pensamento.

Segundo Lacan, os outros autores alegam que Shakespeare pretendeu representar um herói ou personagem central doentio, histérico e indeciso. Contudo, o que é apontado por Freud e seguido por Lacan é que Hamlet não se mostra incapaz de agir, já que mata um homem (Polônio) atrás de uma porta em uma conversa com sua mãe e envia os seus dois velhos amigos Rosencrantz e Guildenstern para a morte que lhes estava destinada após o trairem. Porém, o que impede Hamlet de executar a tarefa é de outra natureza e reside, segundo a citação de Lacan à Freud, na natureza em si da própria tarefa. O que significa ou condensa essa ação?

Há de se convir que é a natureza dessa tarefa. Hamlet pode agir, mas não conseguiria se vingar de um homem que matou seu pai e tomou o lugar dele junto a sua mãe, de um homem que realizou os desejos de sua infância. O horror que deveria impeli-lo à vingança é substituído por remorsos, por escrúpulos de consciência. Acabo de traduzir em termos conscientes o que permanece inconsciente na alma do herói…. (Lacan J. 1959, p.259 Apud Freud, S.)

A tradução em termos conscientes do que é da ordem inconsciente realizada por Freud situa para Lacan, com enorme precisão, o lugar de Hamlet na trama edipiana. O destaque conferido ao termo “escrúpulos de consciência” se deve ao fato de ser sob essa aparência que sentimentos inconscientes e recalcados mostram sua cara. Segundo Lacan, é o que pode se expressar de forma consciente, e que se apresenta ao mesmo tempo inconsciente na alma do herói.

A partir disso, o que seria interessante, segundo Lacan, nos perguntarmos é de que forma os “escrúpulos de consciência” se articulam ao inconsciente?  É o que Ella Sharpe, citada por Lacan, o demonstra a partir das associações livres ou relatos de sonhos de seus pacientes. E também é o que aparece a partir do comentário de Lacan, logo nos primeiros capítulo desse Seminário 6,  do relato de Freud a respeito do sonho do pai morto. O famoso dito “Ele não sabia que estava morto” da análise desse sonho, onde a imagem do pai encarna o próprio inconsciente do sujeito – e também seu próprio anseio inconsciente de morte contra seu pai.

Por isso, os sonhos edipianos, a análise, as tragédias e fabulações colocam ou trazem para a cena o desejo inconsciente e também sua articulação com a consciência ou as suas formas de aparições. Cito:

Freud, com efeito, insistiu muito no fato de que os sonhos edipianos são como as irrupções desses desejos inconscientes, que são como que sua fonte fundamental e que sempre reaparecem. Quanto ao Édipo de Sófocles ou aqueles da tragédia grega, eles são como a elaboração, a fabulação do que sempre surge desses desejos inconscientes. É assim que as coisas são, textualmente, articuladas por Freud, que nos diz que, em Hamlet, esses mesmos desejos da criança estão recalcados e só ficamos sabendo da sua existência, assim como nas neuroses, por seus efeitos inibidores. (Ibid, p. 258) [grifos nossos]

Mais uma vez, confirmamos só termos acesso aos nossos desejos inconscientes através de seus efeitos. É por isso que, os “escrúpulos de consciência” são tão explorados por Lacan, entendidos como efeito do verdadeiro desejo inconsciente não sabido de Hamlet. Dessa forma, correlacionamos que os sonhos edipianos ou a história encenada pela tragédia grega são reflexos dos desejos inconscientes, sua fonte “fundamental”.

Com essa introdução, localizamos o que interessa a Lacan com Freud: “ler” em toda a trama escrita por Shakespeare, em mínimos detalhes, desenvolvimentos, percalços e falas, como se articulam os “efeitos” do desejo inconsciente. Para isso é que Lacan nos convida a “soletrar” Hamlet (Ibid, p. 261).

Antes de tudo, veremos na conduta de Hamlet o que quer dizer esse desejo inconsciente. Sabemos que os “escrúpulos de consciência” são sua representação na consciência, mas e o que mais? Segundo Lacan, algo não vai bem no desejo de Hamlet. O “barômetro” da posição de Hamlet em relação ao desejo se presentifica na sua relação com a Ofélia:

Freud nos indica e vemos aparecer na peça, em correlação com o drama propriamente dito, um horror à feminilidade como tal, cujos termos são articulados, no sentido mais próprio da palavra, pelo próprio Hamlet, quando ele expõe aos olhos de Ofélia todas as possibilidades de degradação, variação e corrupção ligadas ao desenvolvimento da própria vida da mulher quando esta se entrega a todos os atos que, pouco a pouco, fazem dela uma mãe- em nome do que Hamlet a rejeita, e o faz de uma maneira que parecer ser a mais sarcástica e cruel. (Ibid, p. 267) [grifos nossos]

A sua inicial relação com a Ofélia sofre uma alteração drástica desde a morte do seu pai. Hamlet se torna posteriormente hostil, sarcástico e cruel com Ofélia. O horror à feminilidade encarnada por Ofélia, correlata ao que sua própria mãe representa, resulta de um quase rechaço à posição feminina de objeto. Existe uma relação, segundo Lacan, entre a sua posição no desejo e o que a feminilidade lhe apresenta.

Porém, a relação do desejo de Hamlet também gira em torno do seu ato. Hamlet tem um ato a executar e tudo o mais depende disso. E o que ele faz? Procrastina, deixa para depois. É aí que vamos com Lacan à pergunta no início do texto: qual é a natureza desse ato ou “o que significa o ato que lhe é proposto?” (Ibid, p. 268).

Nesse ponto, Lacan faz questão, apoiado em Freud, de deixar claro que esse ato nada tem a ver com o ato edipiano, o desejo de matar o pai inconsciente. Tal, como seria no Édipo, onde o herói quer escapar desse desejo (destino) e não sabe que ele determina toda a sua vida, mesmo que ele o evite. É por querer conscientemente escapar de seu destino (desejo) que Édipo realiza exatamente a profecia sem sabê-lo, o que o leva ao seu trágico final. A tragédia de Édipo é a da primazia do destino ou desejo inconsciente justamente por ele agir de forma não sabida.  Enquanto a tragédia de Hamlet é, segundo Lacan, a “tragédia do desejo” (Ibid, p. 272).

Pois, diferente de Édipo, Hamlet já sabe de antemão sobre o desejo inconsciente que lhe é revelado de forma peculiar pela aparição do espectro de seu pai. O que lhe outorga de antemão a culpa dos pecados não expiados do seu pai e a sua própria culpa ou “escrúpulos de consciência” pela realização por seu padrasto de seu mais profundo desejo inconsciente. Lacan alude a esse ponto dessa forma: “Para ele, é insuportável ser. Bem antes do começo do drama, ele conhece o crime de existir.” (Ibid, p. 268) [grifos nossos]. O desejo inconsciente de matar o pai, do qual o Édipo tenta escapar, já foi realizado em Hamlet. Alguém, que poderia ter sido ele próprio, já matou o seu pai e assumiu o seu lugar.

O “crime de existir” faz Hamlet se colocar diante de uma escolha:

Ser ou não ser – eis a questão. Será mais nobre sofrer na alma. Pedradas e flechadas do destino feroz. Ou pegar em armas contra o mar de angústias – E, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir; Só isso. E com o sono – dizem – extinguir. Dores do coração e as mil mazelas naturais.

A que a carne é sujeita; eis uma consumação. Ardentemente desejável. Morrer – dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo! (Shakespeare, W. Trad. Millôr Fernandes)

O que é interpretado por Lacan ser a questão colocada por Hamlet “ser ou não ser”, tem como consequência uma posição que ele tem que assumir diante do que o fantasma de seu pai lhe apresenta quando relata a causa de sua morte: “Abatido em plena floração de meus pecados”. (Ibid, p.25)

O fantasma de seu pai lhe revela que ao momento de sua morte pela mão do irmão, foi surpreendido na “flor de seus pecados” e morreu em pecado. Por esse mesmo motivo seu espírito é condenado a pairar e a vagar pela noite sem encontrar paz até que seus pecados cometidos em vida sejam expurgados.

Por isso, para Lacan: “Trata-se, para o filho, de encontrar o lugar ocupado pelo pecado do Outro, o pecado não pago pelo Outro.” (Lacan, J. 1959, p.269) Ao contrário de Édipo que paga pelo crime que não sabia que cometeu aqui Hamlet apesar de sabê-lo ainda não pagou pelo crime de existir. Por isso mesmo se trata a si próprio como um covarde:

Sou então um covarde? Quem me chama canalha? Me arrebenta a cabeça, me puxa pelo nariz, E me enfia a mentira pela goela até o fundo dos pulmões? Hein, quem me faz isso? (Shakespeare, W. p. 48)

A covardia atribuída à paralisação da sua ação pela sua dúvida é o que posteriormente se deslinda através dos tortuosos caminhos pelos quais Hamlet precisa passar para vingar a morte do pai. Para finalmente matar seu padrasto sabemos, ao final da trama, esse feito só poder se realizar a preço de sua própria vida:

Hamlet não pode nem pagar no lugar do pai, nem deixar a dívida em aberto. No final das contas, tem de fazer com que seja paga, mas nas condições em que está colocado, o golpe passa através dele mesmo. (Ibid)

A necessidade de que a morte ou eliminação de Claúdio passe através dele mesmo é apontada por Lacan como um desfecho que é reflexo de uma problemática ligada à castração.

É justamente porque faltou alguma coisa na situação original, inicial, do drama de Hamlet – enquanto distinta daquela da história de Édipo -, a saber, a castração, que, no interior da peça, as coisas se apresentam como um lento caminhar em zigue-zague, um lento parto, por vias tortuosas, da castração necessária. (Ibid, p. 270)

É por essa mesma problemática que Lacan se interessa pelo drama de Hamlet como algo que possa servir para reforçar uma espécie de elaboração do complexo de castração e ter no horizonte de que maneira isso se articularia concretamente na análise, ao longo de seu percurso. (Lacan, J. 1959, p. 257)

Bibliografia

BLOOM, Harold. Hamlet: Poema ilimitado. Tradução de José Roberto O’Shea. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

COLERIDGE, Samuel T. A balada do velho marinheiro e outros poemas. Exilados dos livros. Disponibilizado por Le Livros, em: https://poiesisufpr.files.wordpress.com/2015/06/a-balada-do-velho-marinheiro-samuel-taylor-coleridge.pdf

JONES, Ernest. (1949) Hamlet e o Complexo de Édipo. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.

LACAN, J. (1958-59) O seminário, livro 6: o desejo e sua interpretação. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.

ROSA, Márcia. Ella também sabia sem Lacan aquilo que ele ensinava! Em: http://www.revistaderivasanaliticas.com.br/index.php/ella

SHARPE, Ella Freeman. (1937) Análise dos sonhos. Um manual prático para psicanalistas. Imago Editora, 1971.

SHAKESPEARE, William. Hamlet. Tradução: Millôr Fernandes. Texto disponibilizado em: www2.uol.com.br/millor/

TCHEKHOV, Anton. A Gaivota. Tradução e Pós-fácio: Rubens Figueiredo. Cosac & Naify, 2004.

[1] Esse texto é consequência das discussões que têm tido lugar no Núcleo de Pesquisa Práticas da Letra, coordenado por Ana Lucia Lutterbach Holck e Ana Tereza Groisman, empenhado na leitura do conjunto das lições de Lacan do Seminário 6 sobre Hamlet.

[2] Lacan agrupa em três vertentes os esforços de crítica dirigidos à Hamlet. Nas duas primeiras vertentes estão Goethe e Colerigde e na terceira à qual ele atribui maior importância, quem “introduz a posição analítica” é Jones. ( Lacan, J. 1959, p. 276)

Hamlet: obra-de-arte e quintessência do pó

Flavia Trocoli

Alguém já disse que são tantos Hamlets quanto são os seus leitores. Então, vou limitar-me a ler Hamlet através de seus leitores. Essas indicações de leitura, que apresento hoje aqui[1] de maneira mais topicalizada do que argumentativa, se organizarão através da ênfase em um eixo problemático, a saber: a relação disjuntiva entre pensamento e ação, questão exaustivamente trabalhada desde o romantismo alemão até Harold Bloom.

A tragédia grega – estrutura da ação trágica: dando destaque ao fato de que a tragédia grega surge ao mesmo tempo que o Direito, Vernant e Vidal-Naquet, em Mito e tragédia na Grécia Antiga, propõem que a tragédia grega sustenta-se em uma estrutura ternária em que se enlaçam a estética, a política e a psicologia. Diferente da epopéia em que a ação dos homens estava ligada aos deuses e às suas qualidades, a ação trágica é o núcleo da tragédia, o herói é agente e paciente da ação, é engendrado pela ação.

Drama de Hamlet – pensamento sem ação: mais de 20 séculos depois, enquanto Racine ainda se esmerava em seguir o modelo grego, Shakespeare reinventará, por assim dizer, o trágico através de Hamlet, o herói que justamente procrastina sua ação. Hamlet pensa e não age. Depois da saída do fantasma, Hamlet diz: “Só o teu mandamento permaneça nas páginas do livro do meu cérebro.” Ainda nessa direção podemos ler a enigmática frase – “The time is out of joint”- não apenas como um diagnóstico do seu tempo (o do terror), mas como um entre, como uma disjunção entre o pensamento e a ação. Tempo do drama da sucessão que não deixa de ser tempo, também, do luto. O Rei e a Rainha dizem a Hamlet que ele precisa tocar a vida. Ele reivindica o luto denunciando o tempo, sem luto, da morte do pai e do casamento da mãe com o tio: as carnes do enterro foram servidas no casamento.

A representação – cena sobre a cena: muitos críticos dirão que Hamlet é um drama sobre a representação teatral, dessa perspectiva Hamlet é um personagem trágico em busca da ação e que duvida dela. Em ruptura com Édipo Rei, Hamlet dramatiza a perda da unidade da tragédia clássica. Não sabe sobre o ser e não sabe sobre o fazer. Seu drama é ontológico e ético: parecer, fazer ou não fazer, ser e não-ser. O que resistirá à destruição absoluta, à voragem do nada? A própria força do verso, a astúcia da linguagem de Hamlet. O pensamento ilimitado diante da finitude da vida: somos obra-de-arte e quintessência do pó.

BLOOM, Harold. Hamlet – poema ilimitado. Tradução: José Roberto O´ Shea. Inclui texto integral de “Hamlet” traduzido por Anna Amélia de Queiroz Carneiro deMendonça. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

BRADLEY, A.C. A tragédia: Hamlet, Otelo, Rei Lear, Macbeth. Tradução: Alexandre Rosas. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

DUARTE, Pedro. “A filosofia Romântica do trágico, ou a moderna ironia de Hamlet.” In: Revista Terceira Margem – Dossiê Tragédia e modernidade. Número 27.  2013. http://www.revistaterceiramargem.com.br/index.php/revistaterceiramargem/issue/view/1

FRYE, Northorp. Sobre Shakespeare. Tradução: Simone Lopes de Mello. São Paulo: EDUSP, 1992.

HELIODORA, Barbara. Falando de Shakespeare. São Paulo: Perspectiva, 2004.

KERMODE, Frank. A linguagem de Shakespeare. Tradução: Barbara Heliodora. Rio de Janeiro: Record, 2006.

VERNANT, J-P. & VIDAL-NAQUET., P. Mito e tragédia na Grécia Antiga. São Paulo: Perspectiva.

[1] Essa exposição, que ocorreu em 20/05/2016, serviu de introdução à leitura que o Núcleo Práticas da Letra está realizando das sete lições sobre Hamlet do Seminário 6, de Jacques Lacan.

Programa de 2016.1

Coordenação: Ana Lucia Lutterbach (aluluho@gmail.com)
Co-coordenação: Ana Tereza Groisman (anatfg@gmail.com)
Horário: às sextas-feiras, quinzenalmente, às 10h30
Início: 26 de fevereiro de 2016

Tema: O Corpo falante

Nos meses que antecedem o X Congresso da AMP, nos dedicaremos ao tema Corpo falante e sua interseção com a pesquisa da Unidade: A clínica do parlêtre, escrita e leitura do caso clínico a partir de textos de Freud, Lacan, Miller e outros autores que já compõem nossa biblio-grafia básica.

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