Vicente Machado Gaglianone – Psicose e Saúde Mental

para o texto do Vicente

Se não houvesse pérola alguma, “ainda assim teríamos os Jamóns pendurados”1. Mas não é absolutamente o caso. Foram muitas e a escolha é difícil. Como não ficarmos sensíveis à intervenção de Romildo do Rêgo Barros com sua coragem em subir ao púlpito para denunciar a judicialização da política no Brasil, fato que é índice da ameaça de ruptura do laço social de nossa frágil democracia? Tantas outras… Fico então, por julgar de interesse específico ao tema do Congresso, com o comentário de Laurent no primeiro dia, quando da plateia, comentou os quatro tempos de uma análise. Há vídeos nas redes sociais e pode-se ouvi-lo com o peso de sua voz, entretanto o retomo aqui:
1- A fratura nas coordenadas fantasmáticas;
2- O a de maneira estranha se deposita no lugar do analista, ficando assim reduzido a ser o representante da representação. Sem a mediação da fantasia, sem esse tampão, o sujeito passa a se encontrar com o desejo do analista como puro valor de gozo. Todos os enganos da representação evaporam-se;
3- Uma vez evaporado o encanto do desejo encarnado na fantasia, o analista deverá persistir. Uma abdicada persistência que deverá funcionar como causa do desejo;
4- Duelar. “Deuelar”2. Fazer o luto (deuil). Como traduzir? Angelina colocou a questão a Marcus André Vieira. Seria enlutar? Fica a questão. Esse último tempo deverá durar o tempo que durar o duro desejo de fazer o luto (deuilar) desse objeto que era o milagre da fantasia.
Fica a enorme tarefa de transpor o paradigma para o campo das psicoses, estabelecendo suas aproximações e pontos de fuga. Tarefa essa para a qual podemos nos apoiar na própria conferência de Laurent, “Disrupção do gozo nas loucuras sob transferência”, e em todos os trabalhos desse inesquecível Congresso.
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1. Chiste produzido por Anna Aromí no fechamento do Congresso.
2. Homofonia criada por Éric Laurent

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