de Romildo do Rêgo Barros

Em seu texto A Guerra no limite do Discurso, Romildo nos ofereceu um percurso histórico no texto freudiano acerca da guerra, com a intenção de sublinhar possíveis mudanças na compreensão de Freud sobre a temática ao longo de sua obra.

A partir de sua visita aos textos “Reflexões para os tempos de guerra e morte”(1915), “Sobre a transitoriedade” (1916) e “Luto e melancolia” (1917), o autor reconheceu um trajeto percorrido por Freud em sua elaboração sobre a guerra e pinço aqui algumas questões retomadas por Romildo: o equilíbrio precário entre a pulsão e a civilização, a beleza da transitoriedade e a possibilidade de elaboração simbólica da perda. Nesses três textos foi possível notar pouca mudança da posição de Freud sobre o tema. No entanto, uma mudança sutil, sinalizada por Romildo, é a modificação na percepção da morte como imprevisível. Ressalta a importância do contexto histórico das grandes guerras para produção dessas obras.

Uma breve menção ao texto “O mal estar na civilização” (1930, p. 56) retoma o que Freud dissera sobre um traço da civilização, não o único e não o menos importante, e que destaco aqui: “ … o modo como são reguladas as relações dos homens entre si, as relações sociais, que dizem respeito ao indivíduo enquanto vizinho, enquanto colaborador, como objeto sexual de um outro, como membro de uma família e de um Estado”. Esse trecho esclarece que a própria precariedade da civilização foi causa para a civilização, ou seja, a partir da fragilidade do homem se criaram instâncias, instituições para regulamentações dos vínculos sociais e controle da natureza.

Esse trajeto teve como inspiração o livro de Marie Helene Brousse, “La psychanalyse à l’epreuve de la guerre”, no qual a afirmativa “ Pas de guerre sans discours”, fez uma inversão no binômio freudiano, civilização e pulsão, pelo qual a civilização falha ao não evitar a guerra. Freud considerou a guerra como efeito de desiquilíbrio pulsional. Segundo Romildo, a virada de M. Helene consiste em dizer que a guerra não é a disrupção do discurso, e sim que não há guerra sem discurso.  Tomando a afirmação de Brousse, Romildo nos lança as seguintes interrogações: “ O que é feito da psicanálise após a experiência da guerra?” e “ O que a guerra ensina à psicanálise e o que a psicanálise pode ensinar sobre a guerra”. Fica aqui nosso convite a leitura do texto!

Ana Luisa Rajo

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