Sobre a Roda de conversa do Núcleo de Pesquisa Práticas da Letra

Renata Estrella 

Encerramos nossas atividades deste semestre – momento em que seguimos trabalhando as lições sobre a peça Hamlet do Seminário 6 – com uma instigante roda de conversa com Marcus André Vieira e Ram Mandil, contamos também com a participação de Andréia Reis. Nossos convidados puderam trazer algo do encontro de membros ocorrido em Inhotim (abril de 2017) a partir de algumas das nossas inquietações. A conversa partiu de uma questão sobre o desejo, lido por Lacan em Hamlet de forma nova e que abre para uma discussão sobre as relações entre fantasia e sinthoma.

Para Ram, Lacan se pergunta no Seminário 6 como o sujeito vive a pulsão tendo atravessado a fantasia, daí uma aproximação possível entre a narrativa de Shakespeare e a escrita de Joyce, lidas na perspectiva do final da análise. Em Joyce, não aparece na análise de Lacan a questão da fantasia, sendo o sinthoma uma forma de nomeação que não visa o sentido. Somos capturados pela obra de Joyce, há uma transmissão que não é pela identificação, daí a proposta de Marcus André de pensarmos o ato. O ato faria um escoamento de gozo que pode suscitar, ou não, uma nomeação. Pensando, então, o ato em Hamlet, o que parece é que ele só pode se deparar com o desejo a partir da circunscrição simbólica de uma perda real do objeto de onde surge um caroço de real na cena da fantasia que o empurra a agir.  Seguimos, assim, ao próximo semestre com algumas questões, entre elas, o estatuto do objeto na fantasia e no sinthoma e a relação entre desejo e ato, acompanhando o que Lacan traz no Seminário 6 como o grande segredo da psicanálise, “não há Outro do Outro”. Seguiremos trabalhando os escritos de Lacan com o auxílio dos poetas.

Sobre a Conversação virtual dos Núcleos de Psicose e Saúde Mental do Rio e de Santa Catarina

José Marcos de Moura

Este comentário refere-se a conversação virtual entre os Núcleos de Psicose e Saúde mental do Rio e Santa Catarina, ocorrida no dia 06 de maio de 2016.

Basicamente utilizei o livro de Nieves Soria Dafunchio Confines de las Psicosis para esta elaboração.

Para pensar as psicoses, nos valemos de dois paradigmas, o paradigma de Schreber e paradigma de Joyce.

Neste caso, utilizaremos o paradigma de Joyce, ou seja, uma amarração não borromeana entre os três registros R, I, S.  Um paradigma que propõe a generalização da foraclusão, onde a clínica diferencial entre as psicoses (paranoica, esquizofrênica, parafrênica, maníaca, melancólica etc.) está referida a solução que encontra o sujeito para amarração e reparação dos lapsus no nó dos três registros R S I.

Essas reparações do lapso no nó nos fornecem a possibilidade de pensar distintas amarrações possíveis nas psicoses

O nó, borromeano ou não, vai sendo construído e reparado nos vários momentos da vida do sujeito, ele não acontece de um momento para o outro, e sim através de vários enlaçamentos do real, do simbólico e do imaginário na vida do sujeito, que, nesse movimento, produzem a trança da subjetividade.

Voltando ao caso clínico, qual seriam os lapsus que se produziram no nó e qual dos registros se soltou?

Nossa hipótese é que o registro do imaginário se soltou, enquanto que os registros do Real e Simbólico permanecem enganchados.

O esquecimento e o vagar sem sentido, sem rumo e sem memória, poderiam dar conta do momento em que esse registro se solta e o sujeito não conta com nenhuma solução (suplência). A manobra precária que ela utiliza para reparar o lapsus parece ser o andar sem rumo, que na situação em que o registro imaginário se solta completamente, não produz o mesmo efeito.

Essa maneira de pensar a clínica fornece uma indicação preciosa para o trabalho: se o sujeito soltou o registro imaginário não podemos entrar pelo registro faltante. Nesse caso, devemos nos abster de fazer intervenções pelo lado do sentido, da consistência, etc. É necessário recorrer aos demais registros – por exemplo, nesse caso, poderíamos recorrer ao simbólico pelo lado da escrita da letra etc.

Resta investigar quais foram as amarrações que repararam os lapsus desse sujeito no decorrer de sua vida e por qual motivo elas se soltaram. Em outras palavras, quais foram as suplências, ainda que frágeis e precárias, que sustentaram esse sujeito durante grande parte de sua vida?

Assuntos de família no discurso toxicômano: impasses

XVIII Conversação Clínica do IPSM-MG e Conversação TyA Brasil

Resenha do evento ocorrido em 27 de maio de 2017.

Selma Pau Brasil

Na abertura da conversação, Ana Lydia – Diretora do IPSM-MG – informa que foi selado um intercâmbio entre o Instituto, a FEMIG e o Instituto de Córdoba, aprofundando assim a troca entre eles.

Em seguida, aconteceu a “Apresentação de pacientes”, conduzida por Lilany Pacheco e realizada no Centro Mineiro de Toxicomania, que propiciou a discussão clínica do caso em questão e, também, os efeitos dessa transmissão na equipe, assim como os efeitos terapêuticos ocorridos no caso após essa entrevista. A Apresentação de pacientes contou, também, com a presença de quem conduz o caso no CMT, ampliando, dessa forma, a discussão do caso. Contou-se, também, com os comentários de Jorge Castilho, do CIEC de Córdoba, Cassandra Dias Farias, da TYA Paraíba e com a coordenação de Maria Wilma Faria, coordenadora da TYA Brasil.

Após a Apresentação de pacientes, Jesus Santiago comentou a edição revisada de seu livro “A droga do toxicômano: uma parceria cínica na era da ciência”, uma publicação da Coleção BIP, da Biblioteca do Instituto de Psicanálise. Seguido de um coquetel e autógrafos embalados pela banda de jazz chamada “Quatro em ponto”.

Depois do lançamento do livro, aconteceu um delicioso almoço para os participantes do evento e, então, iniciou-se a Conversação Tya Brasil com Daniela Dinard, diretora do CMT; Adriana de Vitta, diretora do Freud Cidadão, e Selma Pau Brasil, da TyA Rio, em que foram discutidos muitos dos impasses sobre os assuntos de família no discurso toxicômano, com grande entusiasmo de todos os participantes. O evento lotou o auditório, necessitando utilizar a transmissão em outra sala.

Foi um evento extremamente interessante e produtivo e promotor de um amplo debate de questões muito importantes para a clínica lacaniana.

 

 

Sobre a Conversação virtual dos Núcleos de Psicose e Saúde Mental do Rio e de Santa Catarina

Vicente Machado Gaglianone

No dia 6 de maio, sábado, às 14hs, aconteceu na Seção Rio a primeira de uma série de Conversações virtuais entre os Núcleos de psicose do Rio e de Santa Catarina. Esse modelo de intercâmbio, que propicia entender e ao mesmo tempo favorecer o múltiplo de nossa Escola, mostrou-se um dispositivo vivo e dinâmico, que já desenvolvíamos há quatro anos com o Instituto de Minas. Abre-se, agora, com SC mais uma série que esperamos dar muitos frutos.

Nessa primeira conversação coube a eles apresentarem o caso e, após nossos comentários, abrir uma roda de conversa. Transcrevo abaixo resumidamente o teor de nossos comentários – a conversação propriamente dita está sendo transcrita para posterior divulgação.

O caso, de autoria de uma colega de Santa Catarina, sob vários aspectos, mostrou-se como um presente sob medida para o “clima” que nos concerne (nós, da grande comunidade do Campo freudiano) nesse ano de trabalho. Ele tensiona, ao menos, um grande pilar da temática de nosso Congresso Mundial que se avizinha: a questão da continuidade/descontinuidade na clínica das psicoses. Sabemos pelas leituras que nos orientam já há vinte anos, desde as grandes Conversações francofônicas e, em particular, as mais recentes que orientam nossa temática, que o binarismo N/P assentado no operador fálico esgarçou-se, gerando uma nebulosidade nos operadores nosográficos. Se a foraclusão é generalizada, a neurose passa a ser uma espécie de gradus da psicose e não o contrário. Não que sejamos todos psicóticos (apesar de delirantes), trata-se do fato de que todo discurso é uma defesa contra o real, como indica Anna Aromí e Xavier Esqué no texto de orientação para Barcelona: foraclusão do significante d’Amulher para todos e foraclusão do significante Nome-do-Pai para a psicose.

No caso de Aline, logo de saída se coloca o problema do desencadeamento tardio de sua psicose. Ao que sugere a leitura do caso, ela virou-se relativamente bem na vida até meados de seus 40 anos. Decidir sobre as coordenadas do desencadeamento é uma tarefa que nos cabe enfrentar, já que não nos parece tão imediata a compreensão. Fica a lembrança da fala irônica de Miller em “Efeito de retorno da psicose ordinária” quando se pergunta se Schereber seria um psicótico ordinário antes do desencadeamento, ou ainda se sua psicose teria desencadeado se ele estivesse sob transferência, em análise.

“Sob transferência” parece ser a chave mestra. Aromí e Esqué mais uma vez colocam o acento aí ao lembrarem que nas psicoses ordinárias o buraco foraclusivo se manifesta por sinais discretos, como uma espécie de carta roubada de Poe, como lembra Bassols. Está ali, mas ninguém a vê. Salvo, é a aposta, sob transferência. Poder, então, localizar no intenso trabalho desses sujeitos aquilo que faz função de grampo, enodando, ainda que de forma frágil, as consistências está na base do processo. Acompanhá-los na regulação de suas pragmáticas examinando os modos pelos quais um sujeito inventa um nó com o imaginário, o simbólico e o real que o sustente sem o auxílio do Nome-do-pai. É como Miller nomeou: a clínica das sutilezas, modular, da gradação e da tonalidade. Miller propõe como uma verdadeira bússola clínica, em seu já citado “Efeito de retorno”, três externalidades: social, corporal e subjetiva, tarefa nem sempre fácil de executar.

Após o desencadeamento, nos parece seguro apostar, a paciente abriu uma psicose esquizofrênica. Lapsos de memória, problemas com o tempo e espaço, alucinações visuais e auditivas, delírios de perseguição, mas sem uma localização de gozo no Outro tão marcada. A hipótese de uma regressão tópica ao estádio de espelho, com franca desorganização do registro imaginário implicando aí todos os fenômenos do corpo morcelée, é bem visível. A questão diagnóstica é sempre um pouco tensa, mas o diagnóstico não é só segregação – até é também se ele vira um imperativo categórico apartado das coordenadas subjetivas do sujeito, mas, bem usado, organiza todo um campo de trabalho. Lembremos Miller em “Efeito de retorno”, nos advertindo que uma psicose ordinária é uma psicose e é nosso trabalho, sob transferência, relacioná-la à paranoia ou à esquizofrenia e também à melancolia.

Há indícios do buraco no simbólico desnudado após o desencadeamento, onde se desfez a parceria que lhe servia de suporte imaginário, realizando, assim, a posição de objeto expulsado do campo do Outro. Ela, como objeto dejeto, sem nenhuma fantasia que pudesse regular a relação do sujeito com o objeto.

Junto com a analista, com a eleição de objetos fora do corpo, foram criando alguma suplência à fragmentação do corpo.

 

Conversação Clínica: Assuntos de família no discurso toxicomaníaco – impasses – Cartaz

conversação 1Toxicomanias e Alcoolismo

Sobre o filme Moonlight

Introdução ao debate sobre Moonlight

Maria Inês Lamy

No encontro do dia 28 de março de 2016, discutimos no Núcleo A criança no discurso analítico – Curumim – o filme Moonlight[1]. Seguem abaixo os ótimos e instigantes comentários de três participantes do Núcleo: Luciane C. Stern, Andrea Cavalcanti de Freitas e Rodrigo Pedalini Borges Pires. Os textos revelam um pouco do modo de trabalhar do Curumim, trazendo ecos da pesquisa que temos desenvolvido, mas também têm a marca de cada autor e de seus temas de interesse.


                                             Sobre o filme Moonlight                                                    

Luciane C. Stern

Algumas reflexões sobre o filme Moonlight foram realizadas no Núcleo de Pesquisa: “A criança no discurso analítico” – Curumim. Agradeço as coordenadoras e a todo o grupo participante as preciosas contribuições para a elaboração deste texto.

Acompanhamos no filme o desenvolvimento de Chiron em seu percurso pela vida. O filme está dividido em três partes: Chiron menino, Chiron adolescente e Chiron na vida adulta.

Três questões se fizeram presentes em relação ao filme Moonlight em articulação com os textos teóricos por nós estudados: 1- sobre o processo de alienação e separação de Chiron. 2- sobre as duas linhas do grafo do desejo, a passagem do primeiro para o segundo andar. 3- sobre a função e a falta de um psicanalista.

Chiron alienado aos significantes do Outro, apelidado de Little, deixava para o outro um corpo que podia ser espancado, humilhado, escorraçado. Filho de uma mãe viciada em drogas, prostituída, que o negligenciava e de um pai ausente.  Sem referências a um terceiro, Chiron deixava-se levar na posição de ser objeto dejeto do Outro. Sofre bullying dos colegas da escola e seus vínculos são deteriorados. Não conseguia fazer furo no Outro que funcionava de forma avassaladora no encontro com ele.

Sem hiância entre ele e a mãe, Chiron não questionava o que se esperava dele.  No filme a mãe fala a Chiron – “Você  é meu único e eu sou sua”. Em outra parte do filme, a mãe exige-lhe dinheiro para comprar drogas e Chiron, mesmo se opondo num primeiro momento, acaba por ceder e entrega o dinheiro que a mãe impôs. Há, ainda, um terceiro momento em que a mãe totalmente drogada lhe diz para dormir fora aquela noite, pois ela estava esperando uma pessoa, ao que ele obedece sem pestanejar e sem perceber o delírio materno. Ao retornar pela manhã do dia seguinte, a mãe o repreende por ele ter passado a noite fora sem avisá-la. Sem enigma, Chiron não produz uma resposta de cunho fantasmático no qual possa sustentar seu desejo ao se alienar ao desejo do Outro.

Juan, um traficante de drogas que se identifica com a vulnerabilidade do menino Chiron, lhe diz: “Chega um momento que você tem que decidir quem você será”. Sem uma identidade autêntica onde Chiron pudesse reconhecer-se, sem distância entre ele e o outro, Chiron se identifica aos poucos elementos que fizeram uma representação em sua vida, como uma colagem. Torna-se um adulto, como Juan, um profissional das drogas, traficante, com todos os seus trejeitos. Com o seu único amigo Kevin, por quem foi introduzido na vida sexual, mantém um apego exacerbado que faz com que esta seja a sua única experiência sexual e amorosa, não se deixando tocar por mais ninguém até receber, 10 anos depois, um telefonema por parte de Kevin e, assim, se reencontrarem.

Jacques-Alain Miller nos diz: “Interpretar a criança é extrair o sujeito”[2], extrair o sujeito dos significantes do Outro, desse Ideal de eu que passeia por fora dela, o que dá à criança condições de interrogar: o que o Outro deseja de mim? E a partir daí construir sua própria resposta fantasmática para lidar com o desencaixe inevitável entre o objeto que a criança encarna e o Outro, podendo agora a criança/sujeito sustentar o seu desejo.

Há um momento do filme em que Chiron, depois de sofrer abusos por parte dos colegas que o atormentavam e ordenavam que Kevin o agredisse, se revolta e joga uma cadeira em cima de um colega de turma, que era o chefe da gangue. Esse foi um momento catártico de Chiron ou foi um momento em que ele pode se apresentar e dizer a que veio? Um debate entre os colegas do Curumim se processou, sem que houvesse consenso. Em particular, não creio que houve a extração da posição de objeto que pudesse fazer mover o circuito pulsional e assim fazer aparecer o desejo a partir do vazio que ele circunscreve.

Faltou a Chiron um analista que ele pudesse usar como um instrumental de preensão de si mesmo.  Produzir, a partir deste encontro, uma hiância entre ele e o que se esperava dele. Um analista poderia incidir com um corte entre um significante elementar, insensato (Little) e o gozo amalgamado a ele, capturando o sujeito neste código e fazendo-o emergir. Um analista que pudesse acompanhá-lo de uma cena a outra. Da criança Chiron tomada no jogo do enunciado à criança Chiron do jogo da enunciação. 

Enfim, um analista que pudesse extrair o sujeito, que fizesse um desencaixe, um intervalo entre o sujeito e os significantes do Outro, resgatando a função que tem o objeto de fazer furo no Outro. Assim, apareceria o sujeito dividido Chiron, o sujeito e seus objetos, o que introduziria o desejo no circuito da demanda, reconectando Chiron com sua dimensão de objeto de desejo antes encoberto.


                                               Comentário sobre uma cena

Andréa Cavalcanti de Freitas

      Há uma cena encantadora no filme Moonlight que é basicamente feita de imagem e som, sem palavras, mas que parece coroar em poesia o desfecho da trajetória de um sujeito em sua busca em se situar singularmente no mundo. Trata-se do momento em que Chiron, o personagem principal, aparece dirigindo seu carro por uma estrada, agora mais velho e transformado num homem forte, com uma aparência imponente pela maneira como está vestido, e dirigindo. Chiron apresenta-se como se vestido de grande virilidade…. No entanto há um detalhe no fundo da cena: ecoa a música “Cucurrucucu Paloma” na voz de Caetano Veloso evidenciando um desencontro instigante. O contraste que se revela aí é a imagem endurecida do personagem emoldurada por uma música delicada, sensível, que fala de uma fragilidade, de uma tristeza, de uma dor…. 

     Isto nos remete imediatamente ao início do filme que mostra Chiron como uma criança frágil e paralisada frente a uma realidade social e familiar avassaladora. Neste tempo Chiron era chamado de “Little”. Já nessa cena Chiron está transformado numa imagem completamente diferente, forte, assumindo um novo nome, “Black”. É interessante observar que essa nova estampa é muito similar à imagem de Juan, personagem mais velho que, durante a infância de Chiron, a partir de um encontro acidental, passa a ser uma referência, dando acolhimento e atenção em muitas passagens fundamentais em sua vida. E também o nome “Black” era como um amigo, com quem possui uma história amorosa, gostava de brincar de chamá-lo quando eram adolescentes.

     De todo modo, há essa passagem de “Little” a “Black” na trajetória do personagem, e esta cena do carro condensa como numa captura de um instante, como uma fotografia, estes dois significantes, pois o som ao fundo atravessa a cena trazendo à tona a fragilidade aparentemente esquecida.

   A partir do texto de Miller “Interpretar a Criança”[3] como poderíamos ler essa passagem? Poderíamos pensar aí como um momento de transformação efeito de uma interpretação do sujeito? O que propiciou essa transformação? Segundo Miller, a interpretação ocorre quando a mensagem ganha valor de transformação. Mas que mensagem ganhou esse estatuto?

   E, quando no item ‘A criança entre o enunciado e a enunciação’ Miller aponta o grafo do desejo de Lacan e diz que a criança estaria tomada “no jogo entre enunciado e enunciação”, e que a distinção entre o ‘eu’ do enunciado e o ‘eu’ da enunciação ainda não se estruturou, poderíamos pensar que essa diferenciação se deu nessa passagem de Chiron de “Little” para “ Black”? Fica uma dúvida a esse respeito porque a música faz lembrar ao espectador que talvez o “Black” que aparece na tela não parece tão convincente assim, algo se descompassa.

   Ou talvez o que a cena poderia indicar é que fazer essa passagem, ou melhor, realizar a subida para o andar de cima do grafo, não apagaria necessariamente a marca anterior do sujeito. Ou seja, “Little” e “Black” parecem se entrelaçar, são construções necessárias e estruturantes para Chiron.

      Enfim, de qualquer modo, a projeção desta cena propicia ao espectador se deparar com esse contraste, trazendo este enigma: Chiron transforma-se em quem? E será que de fato se transformou?

Cucurrucucu Paloma

Dizem que pelas noites
Não conseguia nem mesmo chorar
Dizem que não comia
Não conseguia nem mesmo beber
Juram que o próprio céu
Se estremecia ao ouvir seu pranto
Como sofria por ela
Que até em sua morte ele a foi chamando

Ai, ai, ai, ai, ai
Cantava
Ai, ai, ai, ai, ai
Gemia
Ai, ai, ai, ai, ai
Cantava
De paixão mortal, morria

Uma pomba triste
Cedo da manhã se põe a cantar
Na casinha solitária
Com as portinhas duplas
Juram que essa pomba
Não é outra coisa senão sua alma
Que todavia espera
Que retorne a infeliz
Cucurrucucu
Pomba
Cucurrucucu
Não chores
As pedras jamais
Pomba
Que podem saber
De amores

Composição: Tomas Mendez


Sobre o amor em Moonlight

Rodrigo Pedalini Borges Pires

O que se segue é fruto de elaborações provocadas pela discussão envolvendo o filme “Moonlight”, ocorrida durante encontro do Núcleo Curumim.

A hipótese que levantei, levando em consideração uma pontuação feita durante o encontro, foi a de que o amor teria tido papel tão importante na vida de Chiron que talvez pudesse ser considerado ainda mais relevante que sua identificação com Juan, que vinha até então sendo o principal coadjuvante na referida discussão.

Para isso, argumentei que alguém, que havia apanhado a vida inteira calado sem nunca revidar nenhum tipo de agressão e limitando-se a fugir acuado, havia pela primeira vez respondido à agressão (com a “cadeirada” que inicialmente foi considerada pelo grupo como uma passagem ao ato mas que retomarei adiante sob outro ponto de vista), por um motivo: porque pela primeira vez fora agredido pelo homem que amava.

 Disse também que, enquanto apanhava de Kevin e também pela primeira vez, não se deixou bater, acuado e sem reação. Levantou-se quantas vezes foram possíveis para seu corpo franzino, olhando altivo de cima para baixo, diretamente nos olhos de Kevin e recusando-se a ficar no chão, o que evitaria que apanhasse mais e, principalmente, evitaria que Kevin voltasse a golpeá-lo. É como se o objeto Chiron se tivesse feito sujeito e adquirido coragem para enfrentar o agressor. Considerei que tal enfrentamento tenha sido uma forma de enunciar e declarar seu amor. Daí minha idéia de que ali se fez sujeito, e de que todo esse movimento de coragem, de enfrentamento que comunica (que emite uma mensagem), surgindo de onde só se via objeto, só foram possíveis por causa do amor. O fato de que Chiron nunca mais deixou-se tocar por ninguém também foi por mim levado em consideração para seguir por esse caminho.

Real, Simbólico e Imaginário

Procurei na biografia do diretor e roteirista alguma referência à psicanálise e não encontrei, mas parece não ter sido à toa que sua divisão do filme se deu em três partes:

1. Little

Chiron colocara-se na vida sempre como resto, como objeto. Quase não falava, não emitia opinião, não havia desejo, fugia. Assim tem início o filme, cuja primeira parte foi nomeada como “Little”, um bom nome para se dar a esse lugar de objeto. Levando isso em consideração, optei por relacionar (simbolicamente) essa parte do filme com o Real lacaniano.

É, no entanto, ainda na primeira parte que surge Juan, traficante local, o “bom bandido” como dito durante a reunião. Ali parecia surgir alguma possibilidade de entrada no simbólico. Chiron não teve pai e sua mãe é usuária abusiva e dependente de crack, objeto ao qual se dedica como preferido em relação a Chiron, preterido. 

Juan surge ao vê-lo correndo em mais uma de suas fugas, identifica-se com o garoto e resolve dedicar-se a ele. Começa por tentar fazê-lo falar, lhe dá a palavra, coisa que o menino recusa, o que faz com que Juan recorra à namorada, Teresa. Se o que faltou na história foi um psicanalista, como dito durante a reunião, talvez esse lugar tenha sido de certa forma ocupado por Teresa, que lhe deu um lugar na fala. Juan por sua vez lhe serviu de referência. Serviu de modelo do que é ser um homem. É a Juan que Chiron pergunta o significado da palavra “fag”, assim como é ao pai que se recorre para se entender o sentido da vida. Houve uma identificação bastante grande de Chiron a ele mas que, ou porque era tarde demais no que se refere à formação de uma estrutura psíquica, ou porque também Juan falhou nesse lugar de pai, quando é descoberto como sendo o traficante que vende drogas à sua mãe, não passou de uma identificação que permaneceu no campo do Imaginário, forte o suficiente, no entanto, para sustentar toda a terceira parte do filme. 

“Litlle”, parte i.,  fica com o Real, nu e cru, e uma tentativa frustrada de simbolização.

2. Chiron

O nu é vestido de preto, cor de sua pele, o que pode ser considerada como a maneira mais concreta de se nomear alguém: se ele é preto, então seu nome é Preto (Black).          A cor da pele (lembrando que Chiron era um entre muitos outros negros do bairro), o que se vê como sua imagem, vira nome. Novamente torno a pensar no papel do Imaginário e do fracasso do simbólico nessa parte do filme. Seu nome dá nome a essa parte do filme, mas é nesse capítulo que Chiron é nomeado pela sua imagem mais concreta, menos simbolizada. Podemos pensar o título como um fracasso na nomeação e portanto de inscrição na ordem simbólica, já que o diretor escolhe “Chiron” para nomear o trecho do filme em que ele recebe o apelido “Black” – que virá a escolher na terceira parte como nome. “Preto no branco” segundo dicionarioinformal.com.br “é deixar as coisas claras e que todos os envolvidos entendam seu real teor, sem linguagem figurativa ou algo do gênero”. O apelido Black é dado por Kevin.

O cru é cozinhado por Kevin (que aliás mais tarde vai efetivamente tornar-se cozinheiro).  Vai, como uma histérica, furando Chiron, apontando-lhe as faltas e assim provocando algum desejo, aquecendo o que estava cru, seduzindo sem no entanto ser lá muito claro quanto ao que quer. Kevin sempre esteve nesse lugar, desde a cena no campo de futebol quando aponta em Chiron sua falha, sua fraqueza e lhe diz que deve ser forte. Se observarmos a relação dos dois a partir da divisão masculino x feminino, se poderia dizer que Kevin esteve mais para o lado feminino e Chiron, do masculino. As atitudes mais fálicas de Chiron sempre estiveram, ao que me parece, motivadas pelo amor: apanhar sem medo, agredir com uma cadeira e tornar-se o dono da boca.

Furando e seduzindo Chiron, Kevin talvez tenha lhe dado suporte para algum descolamento e o resultado dessa operação parece ter sido o amor. Chiron passa a amar quem lhe dá um lugar de sujeito, quem lhe provoca algum desejo. Não sei se poderia ir além e pensar que Kevin fez como faz uma mãe diante do espelho e aponta: aquele é você. A partir de sua imagem no espelho-Kevin, ou na função especular que Kevin tem para Chiron, que é igual mas é diferente, Chiron constrói alteridade: Eu sou esse que Kevin aponta. Eu não sou Kevin, eu sou esse que Kevin aponta. Se Kevin diz que sou Black, então sou Black.

Pelo apelido que ele recebe nessa parte do filme e por conta desse ensaio em torno do esquema óptico, relaciono essa parte do filme ao Imaginário.

3. Black

De um lugar de objeto, e um fracasso de inscrição no simbólico, Chiron agarra-se no Imaginário para se construir. Veste-se como Juan, fantasia-se literalmente de traficante, desenvolve músculos, recobre-se de ouro. Teve recursos imaginários em Juan que possibilitaram sua sobrevivência, mas só lhe fez sentido sobreviver por conta do amor a Kevin. Um amor que teve uma função tão fundamentalmente sustentadora para ele que não se deixou tocar por mais ninguém, até reencontrá-lo anos mais tarde. Como se substituí-lo por outro fosse fazê-lo desmoronar, como se fosse algo da ordem do impossível. Ninguém foi capaz de substituir esse lugar, o que nos faz pensar que Chiron não existiu sem Kevin e só existiu por causa dele. Se Juan foi sua referência imaginária de homem, Kevin tornou possível a operação de transformação de Little em “Chiron-Juan” (Black). É Kevin quem, na segunda parte do filme, lhe dá o apelido de Black, que agora Chiron escolhe como seu nome.

Comecei minha elaboração partindo da importância ou da relevância do amor na vida de Chiron, em sua construção. Agora me pergunto se algo da ordem de uma lealdade canina, mais rudimentar que o amor, ainda pode ser considerado amor e, se sim, que tipo de amor é esse. Mas o que me parece claro é que quando Kevin aparece como objeto amoroso, Chiron se “faliciza”: mantém-se de pé enquanto apanha, devolve a agressão, vai preso, adquire músculos e vira dono da boca, como Juan. 

Pai nem tanto e arremedo de simbólico: essa parte do filme represento como uma saída possível de um sujeito diante da ausência de um pai, uma saída possível diante do fracasso do Simbólico, fazendo uso dos recursos que lhe restam com o Imaginário. O laço do pacote que se tornou.

Passagem ao ato ou acting out?

Passou-se algum tempo entre a agressão sofrida e a agressão proferida, o que nos faz pensar que houve alguma elaboração nesse meio tempo. Chiron acorda, molha o rosto em água gelada, passa a impressão de estar elaborando. Além disso, como dito, o fato deu-se em sala de aula, diante de outros alunos e diante de Kevin. Mas minha linha de raciocínio, que partiu do amor, levou-me a pensar que o que se passa nessa cena (que é considerada uma tentativa de homicídio) é um correlato de um crime passional, já que Chiron sentiu-se traído por Kevin e tentou matar quem fê-lo trair, como um marido traído em relação ao amante, e aí a discussão passaria a ser se um crime passional é uma atuação ou uma passagem ao ato. Como minha hipótese é de que a agressão que o levou à cadeia teve motivação passional, tendo a pensar que se trata de uma atuação, com endereçamento e motivação passional.

[1] Moonlight, 2016, dirigido por Barry Jenkins, ganhador do Oscar de melhor filme em 2017.

[2] Miller, J.- A. “Interpretar a criança”. Em: Opção Lacaniana 72, março de 2016, p.17.

[3] Miller, J.-A., “Interpretar a criança”, ob. cit.

A psicose ordinária no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS

Rafael Morganti      

O objetivo deste pequeno texto, que irei chamar de convite, tem como proposta principal convidar para uma problematização sobre a psicose ordinária nos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS. Alguns apontamentos que farei mais adiante não são produtos somente das minhas reflexões. Algumas ideias foram construídas nos encontros do Núcleo de Saúde mental e psicose.

Inicialmente é necessário analisar a que pé anda a conversa sobre psicose ordinária nos CAPS. No momento, me sinto seguro em afirmar que essa conversa não está nos CAPS. Pelo menos nos dois CAPS onde trabalho e nos espaços institucionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que participo, isso inclui supervisão de território e alguns grupos de trabalho.

Atrelado a essa constatação, não devo me furtar de alguns apontamentos que não construí sozinho. O primeiro é uma análise bem rápida sobre a inserção dos psicanalistas na RAPS no atual momento. Podemos dividir essa análise em três momentos, no primeiro momento da reforma psiquiátrica não houve uma adesão dos psicanalistas, no segundo momento houve uma inserção importante dos psicanalistas na reforma psiquiátrica, me autorizando a afirmar que houve uma contribuição fundamental para os desdobramentos da reforma e atualmente há um esvaziamento significativo na RAPS. É importante frisar que não acredito que a psicanálise deva ser hegemônica na RAPS, mas pensar o debate da psicose ordinária na RAPS com a diminuição dos psicanalistas é algo que convida para entendermos a ausência da conversa sobre psicose ordinária na RAPS.

Com o intuito de trazer para este texto o que consigo observar no trabalho e que tem relação com o que estou me propondo a ofertar, trago algumas observações.

Não é raro em supervisão discutirmos casos que possuem uma maneira de funcionar e de estar na vida totalmente “esquisita”, mas sem a presença de sintomas clássicos da psicose. Vale ressaltar o quanto é recente a aproximação da saúde mental nas pessoas em situação de rua. Os setores que tradicionalmente estiveram e estão presentes são: Segurança pública, assistência social e as religiões.

Paralelo a isso, é comum esses usuários chegarem no serviço já na idade adulta. Me parece interessante trazer para esta conversa que é comum que o próprio paciente e próximos (familiares, amigos) coloque o que estou chamando de “esquisito” no balaio da droga, produzindo consequências de difícil manejo. Mas também, me parece importante olharmos sobre a maneira que essas pessoas elaboram suas questões e vivem as suas vidas – levando em consideração os anos sem acessar um serviço de saúde mental.

Como o debate da psicose ordinária não é um debate coletivo do serviço, com alguma frequência, esses usuários envolvidos em episódios de violência são rotulados com diversos tipos de julgamentos morais, como por exemplo: mal-caráter, maldoso, 171, má índole, vagabundo, fez por querer, cara de pau etc. É primordial afirmar que não são todos os usuários que me remetem a pensar sobre psicose ordinária que se envolvem em episódios de violência.

Entretanto, não há tratamento para julgamento moral. Todavia, o usuário retorna para o CAPS. O que fazer? Como fazer? Como garantir tratamento para este paciente que passa ao ato com certa frequência dentro e fora do serviço e que é julgado moralmente por alguns técnicos? Um jogo de xadrez se estabelece a partir daí.

 Não irei responder essas questões que trago. Opto por deixar como parte do convite que estou fazendo neste pequeno texto e concluo com um pequeno relato de caso.

Relato de caso: Tubarão e a fome

Tubarão chega no serviço no final de uma manhã de supervisão. Muito agressivo e hostil, dirigi insultos à instituição e ao porteiro do CAPS. Dizia: “Estou com fome por causa do CAPS, estou na rua cheirando e sem comer há quatro dias por causa do CAPS e esse porteiro que não deixou eu entrar”, entre outros muitos insultos, inclusive de cunho racista. Pontuo para Tubarão que não era culpa do CAPS, muito menos do porteiro, digo que estava sem comer há quatro dias porque está mal. Não conseguindo parar sequer para comer. Concluo dizendo que teve acesso à comida nesses quatro dias, mas por estar mal, não conseguiu sequer parar para comer. Tubarão cessa os insultos e consegue dizer sobre sua atual situação.

* Esse escrito teve como pano de fundo a roda de conversa promovida pelo Núcleo de Psicose e Saúde Mental no dia 18 de março de 2017 na EBP-Rio sob a coordenação de Paula Borsoi e de Vicente Gaglianone. 

 

O trabalho clínico, epistêmico e político do ICP

Por Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros

O trabalho clínico, epistêmico e político do ICP no ensino da psicanálise se apoia em sua vocação de pesquisa. A pesquisa entrelaça essas três dimensões e oferece aos alunos, aos associados e aos participantes dos Núcleos diferentes espaços para sua formação permanente, como também a ocasião de descobrir maneiras de estar presente no social, atentos às diferentes formas de segregação oriundas dos impasses próprios de nossa época. Assim, a cada vez, podemos descobrir o uso possível de nossos instrumentos para evitar que os processos segregativos a serviço da pulsão de morte produzam efeitos desastrosos, como previa Lacan em seu texto “Alocução sobre as psicoses da criança”[1].

A pesquisa em psicanálise necessita de uma casuística recolhida do atendimento oferecido por um psicanalista (e pelos clínicos que se orientam pela psicanálise) e acompanhada em supervisão em cada um de seus diferentes momentos, desde o acolhimento até sua conclusão, passando pelo cálculo das intervenções (interpretação, ato, manobra na transferência) e a disponibilidade à contingência.

A cada ano precisamos pensar como renovar esses espaços e transmitir suas elaborações. Os cursos oferecidos pelo ICP buscam oferecer os instrumentos conceituais para esse trabalho de pesquisa. A cada encontro com um paciente renovamos nossa aposta no sintoma, que se apresenta de diferentes maneiras ao longo da experiência, desde localizar os significantes nos quais o gozo está fixado, até levar o sujeito a interrogá-los e produzir novas formas de arranjos sinthomáticos.

Em setembro, os Institutos do Campo Freudiano na América Latina se reunirão em Buenos Aires, no VIII ENAPOL, sobre o tema “Assuntos de família, seus enredos na prática” – o que nos convida mais uma vez a verificar os efeitos do declínio do pai, não só nas novas formas de constituição e organização das famílias, mas também na prática da psicanálise. Estar atento à dimensão da singularidade requer uma prática sem standards, mas não sem princípios, não sem  uma orientação, que é o que buscamos transmitir no ICP.

As famílias mudam, mas os analisantes continuam a falar dos pais e a interrogar as condições de seus nascimentos e a trama dos laços familiares que os antecederam.

Quando Lacan aponta para o fato de que nascemos do mal-entendido[2] de nossos ascendentes, ele oferece um ponto de abertura que permite a separação do peso dos enredos familiares, que transformam em necessários os efeitos dos acontecimentos contingentes que marcaram nossas vidas.

Ao apreender a dimensão de mal-entendido nos enredos que alimentaram suas construções fantasmáticas e seus sintomas, cada um terá a chance de se reconectar com suas marcas singulares, que servirão de apoio para seu estilo de vida orientado pelo seu sinthoma.

Articular mal-entendido e sinthoma serve também de bússola para nos orientarmos em relação às novas parcerias amorosas e aos novos arranjos familiares.

[1] Lacan, J.: “Alocução sobre as psicoses da criança”. In: Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. “[…] o problema mais intenso de nossa época, na medida em que ela foi a primeira a sentir o novo questionamento de todas as estruturas sociais pelo progresso da ciência. No que, não somente em nosso próprio domínio, o dos psiquiatras, mas até onde se estende o nosso universo, teremos que lidar, e sempre de maneira mais premente, com a segregação” (p. 360).

[2] Lacan, J. “O mal-entendido”. In: Opção lacaniana – Revista Brasileira Internacional de Psicanálise, n. 72, março de 2016.

TOXICOMANIAS E ALCOOLISMO (TyA-Rio)

Coordenação: Ana Martha Wilson Maia e Selma Pau Brasil

Periodicidade e horário: Primeiras e terceiras terças-feiras do mês, às 19h30

Início: 21 de março

Seguindo a direção da rede Una do TyA Brasil, o Núcleo de Pesquisas  organizou o Programa em torno do tema das psicoses ordinárias, visando a relação do corpo falante com as toxicomanias e alcoolismos.

Conversações com os Núcleos que constituem a rede serão realizadas para avançarmos na pesquisa e estreitarmos laços de trabalho.

Nosso primeiro encontro deste ano será no dia 21 de março.

Até lá!

Ana Martha Wilson Maia e Selma Pau Brasil

Bibliografia inicial:

MILLER, JA. La psicosis ordinária. Buenos Aires: Paidós. 2006.

BRODSKY, G. Loucuras discretas: um seminário sobre as chamadas psicoses ordinárias. Belo Horizonte: Scriptum Livros. 2011.

Pharmakon Online, vol 2. Especificidade da Toxicomania. Rede TyA Brasil do Campo Freudiano. Novembro/2016.

ZAPATA, EF. Usos del cuerpo en las toxicomanías en la época del parlêtre – un ejercicio epistémico. Buenos Aires: Grama Ediciones. 2016.

TOPOLOGIA

Coordenação: Stella Jimenez e Angélica Bastos

Periodicidade e horário: sexta-feira, quinzenalmente, às 10h30

Início: 17 de março

 

No primeiro semestre de 2017, o Núcleo de Topologia terá como tema o sinthoma no início e no final de análise. Com base em casos trazidos por participantes do Núcleo e casos publicados, buscaremos circunscrever o sinthoma (quarto elo) no momento inicial da experiência analítica, verificar se este quarto elo está presente, suas transformações e, quando possível, o sinthoma a que essa conduziu. Esperamos destacar aspectos topológicos de cada arranjo sinthomático, como os possíveis enodamentos. Recorreremos também a textos teóricos.

 

 

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